Atualmente, o mercado de moda no Brasil está investindo no design para obter produtos diferenciados e ganhar mais espaço no cenário internacional. “O mundo do design, a partir da moda, se conscientizou do seu caráter estratégico como elemento condicionante da competitividade das empresas produtoras do vestuário” (Gimeno, 2000:199).
Roberto Chadad, presidente-executivo da Abravest – Associação Brasileira do Vestuário, opina que “os fabricantes brasileiros devem aprimorar seus produtos para competir pela qualidade, e não pelo preço, com produtos internacionais”.
Esta idéia se sustenta com a presença de países com alto custo de produção, estar entre os maiores exportadores, tanto de têxteis quanto de vestuário. Atualmente, e os menores custos não são a única fonte de vantagem competitiva. Países como Itália e Alemanha, com elevados custos como mão-de-obra, voltaram-se para a produção de produtos com maior valor agregado a partir de estratégias de flexibilização da estrutura produtiva, com ênfase no design e no marketing destes produtos.
O objetivo da gestão do designer de moda é apresentar respostas,o mais prontamente possível, a qualquer variação na demanda ocasionada por mudanças no comportamento do consumidor. Estas estratégias podem ser consideradas como fatores de competitividade para a cadeia produtiva têxtil-vestuário e se tornaram as vantagens competitivas construídas pelas empresas.
Independentemente das estratégias adotadas, o design agrega valor ao produto, já que é possível haver uma redução dos itens referentes a formação do preço, através da economia de insumos, redução da matéria prima, racionalização da produção e otimização do processo, além do aumento da qualidade e dos atributos valorizados pelos consumidores, como desempenho e aparência.
Nota-se que fatores recentes como a união dos vários setores da cadeia têxtil, em associações e instituições, e a profissionalização do setor, principalmente através da formação de designers de moda em cursos superiores, ajudaram no reconhecimento internacional que a moda brasileira vem recebendo na mídia.
“Se o designer não tem mais a oferecer do que o manejo de questões de estilo, não alcançará os pontos nevrálgicos da civilização contemporânea” (Bonsiepe, 1987:26), portanto é inconcebível a idéia de que o design esteja unicamente limitado ao setor de criação. “Apenas com a absorção completa do design pela estrutura organizacional e com a adoção de uma postura proativa, é que os produtos da empresa conseguirão se posicionar da melhor maneira possível no mercado, destacando-se da concorrência e consolidando a imagem da empresa frente aos seus clientes” (Santos, 2000:108).
Diante de um mercado global, a solução para o setor é a Gestão do Design de Moda. A técnica dominante é a especialização flexível, a polivalência dos recursos humanos. A divisão entre concepção e execução, entre gerência e oficina, estabelece uma nova dinâmica, que não deve ser mais de conflito. A mão-de-obra, por sua vez, é vista cada vez menos como despesa do que como recurso e fator de produção.
Face aos programas de qualidade das empresas e à globalização da economia, é necessária a inserção de profissionais capazes de gerenciar todo o processo da moda, bem como exercer a função de agente integrador de várias áreas nas indústrias.
A forte influência da moda no mundo têxtil traz para cena do jogo, além de atributos como benefícios e qualidade, atributos como design e marca. O design de seu produto pode se tornar sua maior vantagem competitiva. Várias empresas no meio têxtil crescem e prosperam baseadas no design distinto de suas coleções de tecidos/roupas. Elas conseguem ter em suas coleções, produtos com design que agreguem além de estética, funcionalidade e praticidade. O objetivo é obter a aceitação dos consumidores, seja no mercado de massa ou em nichos específicos.
Liderança em design é com certeza uma grande receita para crescimento e rentabilidade. Contudo, as empresas que adotam estratégias de foco em design devem tomar cuidado para que, além de garantirem a aceitação do seu público-alvo, sejam ágeis nas mudanças/introduções de novos itens, pois a indústria da cópia está sempre de olhos nelas.
por Sandra Rech
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção – UFSC / UDESC